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Janja elege terno dourado de estilista gaúcha para posse de Lula; bordados foram feitos por artesãs de Timbaúba dos Batistas
Neste domingo (1º/1), Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assume pela terceira vez o comando da presidência do Brasil. Ao lado do chefe do executivo, a primeira-dama Rosângela Silva, conhecida por ser uma incentivadora da moda nacional, subiu a rampa do Planalto usando um look da marca brasileira Helo Rocha, da mesma estilista que assinou o seu vestido de casamento.
A peça eleita pela primeira-dama foi um terno em tom dourado. O blazer em corte mais ajustado trazia uma barra com volume ondulado na parte de trás e nas laterais. Já a calça se destacava pela fluidez e visual acetinado. O conjunto foi desenhado sob medida pela gaúcha Helô Rocha. Ela selecionou ainda um brinco chamado Pitanga, da etiqueta Flavia Madeira.
De fato, a ocasião ficou marcada. Foi a primeira vez na história do Brasil que uma primeira-dama optou por um terno no lugar do vestido, peça tradicionalmente usada pelas mulheres em eventos formais.
A escolha de Janja foi intencional. Ao transcender o papel tradicional atribuído às esposas de presidentes no Brasil em toda a campanha, questionar o sistema e ocupar o seu próprio espaço durante a corrida eleitoral, ela optou por fugir de formalidades engessadas no desfile da posse, vestindo-se de si mesma.
“Ela apresentou uma elegância tradicional, mas desconstruída”, analisa a consultora de moda e estilo Camile Stefano. Segundo a profissional, o terninho e a cor clara remetem à civilidade exigida para o evento, mas também à mensagem de empoderamento das mulheres presente nos posicionamentos da primeira-dama. O corte moderno e os bordados elaborados trazem modernidade, carisma e descontração à imagem.
Assim como Michelle Obama fez nos Estados Unidos, é esperado que Janja use a moda como instrumento político. Ela deve fomentar novos talentos da moda, dar visibilidade para estilistas negros e periféricos, e continuar a romper barreiras à sua maneira, autoral e livre.
Moda com ativismo
Esta é a segunda vez que a designer participa de uma importante data para Janja. No casamento com Lula, em maio de 2022, ela usou um vestido também bordado por mulheres de Timbaúba dos Batistas, na região do Seridó, no Rio Grande do Norte.
Engajada na luta de mulheres e minorias, a socióloga mantém uma relação próxima com o setor da moda. Na entrevista dada ao Fantástico, ela vestiu uma camisa de seda brasileira branca com estampas vermelhas que remetem à cor do tingimento do pau-brasil, assinada pelo estilista Airon Martin, da Misci. A peça esgotou logo após a exibição do programa.
“Fiz questão de usá-la porque carregava um simbolismo, tanto da história de vida do estilista como da cultura popular, da produção da seda nacional, que é usada na França e a gente nem sabe”, reforçou à publicação.
Fundada por Airon Martin, a marca entrou definitivamente no radar da socióloga. Na cerimônia de diplomação do presidente eleito Lula, Janja usou o um blazer branco, de corte simples e acinturado, em conjunto com uma saia verde acetinada, ambos da Misci. As peças são da coleção Eva: Mátria Brasil, desfilada em novembro do ano passado no São Paulo Fashion Week.
É impossível dizer com certeza como a primeira-dama do Brasil irá se vestir e se posicionar nos próximos quatro anos. Mas Camile aposta que muitas das características observadas na história política de Janja a acompanharão no exercício da função. “Acredito que ela terá essa elegância simples: a formalidade que a posição exige, mas transmitindo simplicidade e buscando sempre uma imagem acessível e de identificação com as pessoas”, indica.
Metrópoles