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O perigo escondido no PMMA: denúncias crescem após caso fatal de influencer
Depois da morte da influencer Aline Ferreira, 33 anos, o Correio apurou que muitas denúncias de aplicação inadequada do gel polimetilmetacrilato (PMMA) estão chegando à Polícia Civil tanto do Distrito Federal como em Goiás. A maioria das mulheres ainda têm medo, mantendo o sigilo. Mas uma delas conversou com a reportagem e contou sua história.
É o caso da assistente social Poliana Ferraes, 35. Segundo ela, “nunca teve problemas com a aparência”, inclusive se achava “muito bonita”, mas se incomodava com a papada. Em janeiro de 2021, induzida por uma influenciadora digital, procurou uma clínica de estética em Taguatinga. “Na hora, me passou credibilidade, então resolvi marcar”, conta.
Poliana pagou R$ 2,5 mil pelo procedimento. Na clínica, a mulher ofereceu também o preenchimento labial, mas ela se negou. “A mulher disse que eu tinha bigode chinês e ofereceu que eu pagasse apenas metade do valor e a outra seria em troca da divulgação no Instagram”, disse a assistente social. De R$ 700, o preenchimento na área saiu por R$ 350.
Mas as complicações não demoraram para aparecer. Ao sair da clínica, Poliana sentia muitas dores. No mesmo dia, a região do nariz ficou roxa e necrosou. “Eu não sabia que ela tinha usado PMMA. Precisei tratar a ferida, fiz enxerto e até hoje tenho dificuldades para respirar. Preciso fazer uma cirurgia de R$ 100 mil e ainda minha boca ficou um pouco torta”, desabafou.
Poliana ficou por três anos em silêncio, com vergonha, mas resolveu expor o problema como forma de alertar outras mulheres. Hoje, convive com as sequelas físicas e psicológicas. “Quando procurei a clínica, falaram que eu estava se fazendo de vítima, que quem se faz de vítima é vagabundo. Aquilo foi um abuso psicológico”.
Correio Braziliense